se for eu, e muitos outros certamente...
ouve, aponta, escreve, desenha, imprime, agrafa, telefona, atende o telefone, aponta a quem tem que ligar, começa a desenhar uma id...toca o telefone, checka o email enquanto ouve do outro lado a desmarcação da reunião com o serralheiro, volta ao desenho que teve que reformular pela terceira vez e enquanto o software abre, telefona para a câmara para saber o andamento dos processos, entretanto já recebeu o email com os registos prediais que tardavam a chegar por parte do cliente que neste caso é requerente, podendo finalmente fechar o processo para entregar na câmara municipal em papel duplicado e cd, depois de hectares de papel impresso sob a forma de processos, comunicações, requerimentos...para que o projecto avance. "É preciso andar arquitecto! É preciso andar, porque eu estou a perder dinheiro!!" Mas aqui não se fazem projetos de arquitetura, fazem-se processos onde consta um projeto de arquitetura. Entenda-se o seguinte, é que o volume de documentação escrita é superior ao volume de documentação desenhada. O volume de documentação repetidamente impressa até à exaustão é superior à matéria desenhada que resulta da "inspiração" que nos faz sentir num recreio, no mais puro lazer, quando de facto estamos a fazer aquilo para que supostamente fomos ensinados - fazer um projeto de qualidade que responde ao requisitos económicos e de conforto do cliente. Há dias em que ser arquitecto é uma alegria, há outros em que é ser uma reprografia.
